Informações essenciais sobre vagas para ações afirmativas e outras novidades na residência médica
No último edital (2024/2025) para as provas de residência médica da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), os candidatos se depararam com a realidade das vagas reservadas para ações afirmativas. Os rumores desta mudança iniciaram-se desde o ano passado, porém se concretizaram apenas no processo seletivo atual, de modo que a partir deste ano ficam reservadas às pessoas com deficiência (PCD) 20% das vagas por especialidade; para pessoas autodeclaradas pretas, pardas ou indígenas (PPI), também ficam reservadas 20% do total de vagas por especialidade. Tal regra é válida para as especialidades com total de vagas maior que 3.
> Para as especialidades de Acupuntura e Neurocirurgia, que dispõem de 3 vagas no total, apenas 1 vaga fica reservada, tanto para PCD como para PPI
> Especialidades como cirurgia cardiovascular e genética médica, que dispõem de apenas 2 vagas de residência médica, continuarão destinando sua totalidade de vagas à ampla concorrência
> Especialidades conhecidas pela altíssima concorrência, como dermatologia (8 vagas no total) e otorrinolaringologia (7 vagas no total), passam a dispor de 4 e 5 vagas para ampla concorrência, respectivamente
> A discriminação das vagas destinadas a cada especialidade ofertada pela Escola Paulista se encontra no item 13 do edital
Na última semana de setembro/2024 foi liberado ainda o edital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SCMSP), que também aderiu às cotas destinadas para candidatos negros e indígenas.
Mas será que a reserva de vagas para ações afirmativas é algo novo no mundo das residências médicas?
Embora não seja a regra, as cotas nas provas de residência médica já são realidade há algum tempo. Há anos, processos seletivos como o da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS-SP), também conhecido como "Suszinho", já destinava uma porcentagem das suas vagas para cotas raciais.
> Na dermatologia, uma especialidade predominantemente composta por profissionais brancos em um país historicamente miscigenado, a SMS-SP já destinava 1 das 4 vagas do seu processo seletivo para pessoas autodeclaradas negras.
Outra mudança recente nos processos seletivos de residência médica, para além das mudanças de bancas elaboradoras, da crescente eminência que das provas discursivas e do desuso das provas práticas no modelo OSCE, foi a opção feita pela maioria das Comissões de Residência Médica (COREMEs) do país de excluir a fase de entrevistas do processo seletivo. Embora algumas instituições, como a própria Escola Paulista, mantenham a entrevista como forma de avaliação dos seus candidatos, a absoluta maioria dos serviços deixou de realizá-las, de modo que uma boa pontuação na análise curricular passou a ser ainda mais valiosa na busca pela aprovação.
As provas de residência médica ao longo dos anos têm assumido
cada vez mais características de concursos públicos, sendo uma tendência que mais instituições passem a adotar a política de cotas, sejam cotas raciais ou destinadas a pessoas com deficiência. No entanto, cada instituição preserva sua autonomia para decidir por aderir a tais ações afirmativas, bem como para decidir qual percentagem de vagas destinar a esses candidatos. Assim, cabe ao candidato estar atento ao edital da instituição por ele visada a fim de avaliar o número de vagas disponíveis. É válido lembrar que os concursos que optam por estabelecer cotas raciais e cotas relativas a deficiência física devem contar com perícia para atestar aquilo que foi declarado pelo candidato.
Nesse período em que as datas de prova e editais começam a ser liberados a todo vapor, é importante estar atento a detalhes como o tempo de prova e a quantidade de questões do seu certame de interesse.
>> Você sabia?
Fique atento a alguns direitos dos
candidatos de concursos e de provas de residência médica- Candidatos que fazem parte da Igreja Adventista do Sétimo Dia tem o direito de realizar a prova em horário especial, adequado aos ditames da sua fé (no entanto, em geral, precisam permanecer reclusos enquanto os demais candidatos realizam a prova, até que estejam aptos a realizá-la)
- Candidatos com diagnóstico comprovado (portando laudo psiquiátrico) de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) podem ter seu tempo de prova prolongado devido à sua condição
- Candidatas lactantes possuem o direito de intervalos para amamentação durante o período de realização da prova
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